“Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” (Rm 12.1).
“E, orando, não useis de vãs repetições, como
os gentios, que pensam que por muito falarem, serão ouvidos.” (Mt 6.7).
Introdução
A oração é o canal pelo qual o crente
estabelece a sua comunicação com Deus. Pela oração, o homem vai a Deus; pela
Palavra, Deus vem ao homem. Por isso, é tão importante que se tenha
conhecimento sobre a oração quanto é indispensável buscar-se entendimento na
Palavra de Deus.
“... Por esta razão,
nós também, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de
pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e
inteligência espiritual.” (Cl 1.9).
O conhecimento das Escrituras leva o homem à
maneira adequada de fazer orações a Deus. É nas Escrituras Sagradas que
aprendemos o que Jesus ensinou quanto aos termos fundamentais de toda oração.
(Mt 6.9-13). Se fizermos um estudo mais amplo sobre a oração, encontraremos,
desde o Antigo Testamento, instruções de que não se ora a Deus, sem motivo(s)
definido(s). A oração não é simples expressão aleatória enviada a caminho do
céu.
Neemias, no exílio, pediu informação sobre a
situação dos seus irmãos em Jerusalém. Depois de informado, apresentou ao
Senhor a sua oração. Não há registro de que ele tivesse orado sem um propósito
definido. O profeta Daniel tinha certeza de que a oração objetiva traz
respostas de Deus. Foi o que lhe aconteceu, por ocasião do episódio de
interpretar o sonho do rei Nabucodonosor. Daniel fez orações objetivas.
“Então Daniel foi
para a sua casa e fez saber o caso a Hananias, Misael e Azarias, seus
companheiros, para que pedissem misericórdia ao Deus dos céus, sobre este segredo,
a fim de que Daniel e seus companheiros não perecessem com o resto dos sábios
da Babilônia. Então, foi revelado o segredo a Daniel, numa visão de noite, e
Daniel louvou ao Deus do céu” (Dn 2.17-19).
“... no ano primeiro
do seu reinado eu, Daniel, entendi pelos livros que o número de anos, de que
falou o Senhor ao profeta Jeremias, em que haviam de acabar as assolações de
Jerusalém, era de setenta anos. E eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o
buscar com oração, e rogos, e jejum, e pano de saco, e cinza. E orei ao Senhor,
meu Deus, e confessei, e disse: ‘Ah! Senhor! Deus grande e tremendo, que
guardas o concerto e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus
mandamentos;...’” (Dn 9.1-4).
1.
A ORAÇÃO É ATO QUE
EXIGE DECÊNCIA E ORDEM
No capítulo 14 da
Primeira Epístola aos Coríntios, Paulo dá as instruções para alguns
procedimentos no decorrer dos cultos. E, num tom de severidade, afirma que Deus
não é Deus de confusão (v.33). Ao finalizar o capítulo, diz: “Mas faça-se tudo
decentemente e com ordem.” (v.40). Esse versículo deveria terminar com ponto de
exclamação e deveria substituir muitos dos trechos que se costumava grafar nas
paredes dos templos!
Entretanto, a
repreensão paulina fica num plano raso, e tudo quanto se instrui sobre a decência
e a ordem nos cultos não passa, em geral, da movimentação de pessoas no templo.
Cabe meditar na decência e ordem das nossas orações a Deus.
2. ORAÇÃO INDIVIDUAL E ORAÇÃO PÚBLICA
Os crentes praticam orações individuais;
aquela que, de modo bem particular, elevamos a Deus. O crente precisa estar a
sós com Deus, seja em casa, seja no recinto da igreja.
A oração pública é feita, conjuntamente, pela
igreja, pela comunidade dos irmãos. Neste ponto, há muita coisa a se meditar,
porque entramos no campo da decência e ordem no culto.
Nosso meio pentecostal tem a prática de
elevar publicamente as orações, no início dos cultos, no transcorrer dele e ao
encerramento.
Pessoalmente, ouso dizer que tem faltado a
observância da decência e da ordem nesse ato público. O apóstolo disse que Deus
não é Deus de confusão; porventura, quando cada crente eleva a voz no culto,
fazendo oração de natureza pessoal não caracteriza uma desordem que Deus só
ouve por causa da sua misericórdia para os que ainda se mantêm meninos na
educação cristã?
Como professor, muitas vezes, fiz os alunos
retornarem aos seus lugares, porque rodeavam a mesa, todos ao mesmo tempo, com
interesses diversos. Se o homem exige ordem para ouvir as solicitações, alguém
duvidará de que Deus não se agrade da criancice dos seus servos, que trazem um
turbilhão de solicitações distintas? Há de haver decência e ordem. Cabe aos
ministros o ensino do povo.
3.
ORAÇÃO INDIVIDUAL
Nossas orações individuais, como o nome diz,
devem levar a Deus aquilo que somente a nós diz respeito: pela oração, sempre,
e primeiramente, elevamos ao Senhor o nosso louvor e adoração, em ato pessoal. Pedimos
perdão de falhas e pecados, sabendo que “Se confessarmos os nossos pecados, ele
é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.”
(1Jo 1.9). Solicitamos ao Pai o auxílio para vencer o mal, suprimento das
nossas necessidades materiais, psicológicas e espirituais etc.
Essa oração não precisa ser audível a quem
estiver no mesmo ambiente, porque ela é pessoal. Na nossa oração pessoal também
podemos incluir as necessidades materiais e espirituais de outras pessoas. A
oração individual, no templo ou fora dele, não precisa ser audível, pois segue
o que Jesus ensinou:
“E, quando orares, não sejas como os
hipócritas, pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das
ruas, para serem vistos pelos homens...” (Mt 6.5).
A Bíblia manda que oremos uns pelos outros
(Tg 5.16). Logo, não há problema de que o outro saiba da nossa oração por ele!
Também manda que confessemos, uns aos outros, os pecados. Nesse caso, não há
referência a que a oração seja particular, de caráter pessoal, mas, sem dúvida
a confissão interpessoal é pública.
4.
ORAÇÃO PÚBLICA
A oração pública é a que se realiza em algum
recinto em que a igreja se reúne. Já vimos que a igreja evangélica prioriza a
oração, ao iniciar as suas reuniões, no decorrer delas e na finalização. Essas
são orações públicas. É importante lembrar que toda oração pública, para mantermos
princípios da decência e da boa ordem, exige um assunto único para todos os
presentes! Esse assunto pode ser pré-estabelecido pelo ministério, a fim de que
o clamor da igreja seja feito a uma só voz! Veja-se a recomendação do apóstolo:
“Rogo-vos, porém,
irmãos, em nome do nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa
e que não haja entre vós dissensões; antes, sejais unidos, em um mesmo sentido
e em um mesmo parecer.” (1Co 1.10).
Não é raro que se aplique essa passagem a
outros assuntos da igreja, porém, no sentido da oração não se ouve. Por causa
disso, a maioria dos cultos de oração,
reuniões de vigília, oração de grupo de senhoras, de modo
geral, não atentam para a necessidade de se estabelecerem os assuntos que serão
levados à presença do Senhor. Nesses casos, não cabe a inserção de quaisquer
outros pedidos ou intercessões. Deus não é Deus de confusão. Estabeleçamos as
prioridades das nossas orações públicas e, sem dúvida, com a mesma clareza das
prioridades que apresentamos a Senhor, como fizeram, principalmente, Neemias,
Daniel e Paulo, o Senhor nos enviará, ao seu tempo e conforme o seu querer, a
resposta, porque ele não nos negará a sua atenção.
“Porque o Senhor Deus é um sol e escudo; o
Senhor dará graça e glória; não negará bem algum aos que andam na retidão.” (Sl
84.11).
Postar um comentário